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O que fazer se o plano de saúde negar um tratamento para autista

Data: 11/11/2024
Plano de saúde negou tratamento para autista? Existem caminhos legais para reverter essa decisão. Com a orientação de um advogado especialista, você pode garantir o acesso aos cuidados essenciais para o desenvolvimento da pessoa com autismo.

1. Direito ao Tratamento para o Espectro Autista

  • O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição de saúde que afeta o desenvolvimento neurológico, interferindo nas habilidades de comunicação, interação social e comportamento. Por isso, o tratamento adequado e contínuo é essencial para garantir uma melhor qualidade de vida e promover a inclusão social.

    Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) determina que os planos de saúde devem cobrir tratamentos listados em seu Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde. Esse rol é uma referência mínima que inclui terapias fundamentais para pessoas com TEA, como:

    • Psicoterapia: Trabalha o desenvolvimento emocional e social, ajudando na gestão de comportamentos e na interação com o ambiente.
    • Fonoaudiologia: Essencial para crianças não verbais ou com dificuldades de linguagem, promovendo a comunicação efetiva e habilidades sociais.
    • Terapia Ocupacional: Ajuda na aquisição de habilidades motoras, sensoriais e comportamentais para melhorar a independência nas atividades diárias.
    • Terapias comportamentais (ex.: ABA): Aplicadas em diversos contextos, essas intervenções ajudam a desenvolver comportamentos adaptativos e habilidades específicas, como atenção, foco e interação social.

    Embora o rol da ANS seja obrigatório, ele não é exaustivo. Isso significa que, em muitos casos, tratamentos inovadores ou intensivos, como o método ABA, podem ser negados pelos planos de saúde. No entanto, os tribunais têm reconhecido que o rol serve como referência mínima e não como uma lista limitadora, possibilitando a inclusão de terapias essenciais fora dessa lista.

    Além disso, o Brasil conta com legislações específicas, como a Lei 12.764/2012 (Lei Berenice Piana), que assegura o direito ao tratamento adequado para pessoas com TEA e define o autismo como uma deficiência, ampliando o acesso a direitos previstos na Constituição.

2. O que Fazer Diante de uma Negativa do Plano de Saúde?

  • Receber uma negativa do plano de saúde é frustrante, mas não significa o fim do caminho. Aqui estão as ações práticas que você deve tomar para reverter essa situação:

    1. Solicite uma justificativa por escrito:
      A legislação brasileira obriga os planos de saúde a fornecerem, por escrito, os motivos da recusa. Esse documento é fundamental para entender se a negativa está baseada em questões contratuais, no rol da ANS ou em outra justificativa.

    2. Colete relatórios médicos detalhados:
      Peça ao médico responsável pelo tratamento que elabore um laudo explicando, de forma técnica e detalhada, a necessidade do procedimento ou terapia. Inclua informações como:

      • Diagnóstico completo.
      • Justificativa clínica do tratamento.
      • Consequências da ausência do tratamento na saúde do paciente.
    3. Busque orientação jurídica imediatamente:
      Um advogado especializado em direito à saúde pode avaliar seu caso e iniciar as medidas necessárias, como a apresentação de uma notificação extrajudicial ao plano de saúde ou o ingresso de uma ação judicial com pedido de liminar. Liminares são decisões rápidas que podem obrigar o plano a autorizar o tratamento enquanto o caso é analisado.

    4. Protocole reclamações em órgãos reguladores:

      • ANS: Acesse o site da agência e registre sua reclamação. A ANS atua como mediadora em conflitos e pode pressionar o plano a reconsiderar sua negativa.
      • Procon: Também é possível registrar uma queixa para proteger seus direitos como consumidor.

    Lembre-se: rapidez na coleta de documentos e busca de suporte jurídico pode ser determinante para assegurar o tratamento o mais rápido possível.

3. Como a Justiça Vê os Tratamentos para o Autismo?

  • O direito à saúde é garantido pela Constituição Federal, e o Poder Judiciário frequentemente interpreta esse direito de forma a priorizar a dignidade da pessoa humana e o bem-estar do paciente. Nos últimos anos, diversos tribunais têm dado decisões favoráveis para garantir o tratamento de pessoas com autismo.

    Alguns princípios que sustentam essas decisões incluem:

    • Prevalência da saúde sobre contratos: Mesmo que o contrato do plano de saúde exclua um determinado procedimento, a Justiça pode determinar sua cobertura se o tratamento for essencial para a saúde do paciente.
    • Interpretação do Rol da ANS: Muitos juízes consideram o rol apenas como uma referência mínima, permitindo a inclusão de terapias que não estão listadas, desde que devidamente justificadas por profissionais de saúde.
    • Urgência e risco de dano: Quando o tratamento negado pode comprometer o desenvolvimento ou a qualidade de vida do paciente, os tribunais geralmente decidem a favor do consumidor, concedendo liminares para autorizar o procedimento rapidamente.

    Casos recentes demonstram que a Justiça tende a priorizar o bem-estar da pessoa com TEA, reconhecendo que a negativa de tratamento pode gerar prejuízos irreparáveis ao desenvolvimento do paciente.

4. Passo a Passo para Garantir o Tratamento

  • Para facilitar sua luta pelo direito ao tratamento, siga este roteiro:

    1. Documentação médica completa:

      • Inclua laudos, exames, prescrições e pareceres técnicos que justifiquem a necessidade do tratamento.
      • Se possível, peça relatórios complementares de outros especialistas para fortalecer o caso.
    2. Justificativa formal do plano de saúde:

      • Solicite, preferencialmente por escrito, a justificativa para a negativa.
      • A ANS exige que os planos forneçam esse documento, especificando os artigos contratuais e legais que embasam a decisão.
    3. Ação judicial, se necessário:

      • Procure um advogado especializado em saúde para ingressar com uma ação judicial.
      • Peça uma liminar, que pode obrigar o plano a fornecer o tratamento enquanto o caso é analisado.

5. Quais Tratamentos Costumam Gerar Mais Negativas?

  • Os planos de saúde frequentemente negam tratamentos que envolvem:

    • Terapia ABA (Applied Behavior Analysis): É uma intervenção comportamental intensiva que pode envolver dezenas de horas semanais, sendo considerada "fora do padrão" por algumas operadoras.
    • Sessões extras de fonoaudiologia, psicoterapia ou terapia ocupacional: Planos tendem a limitar o número de sessões, mas profissionais de saúde frequentemente recomendam mais do que o oferecido.
    • Tratamentos experimentais ou novas abordagens terapêuticas: Métodos não listados pela ANS podem ser negados por serem considerados "experimentais".

    Embora essas negativas sejam comuns, com relatórios médicos e apoio jurídico, é possível reverter a decisão e garantir o atendimento necessário.

6. Direito à Saúde e Inclusão Social: A importância do acesso ao tratamento

  • Acesso ao tratamento é mais do que uma questão de saúde; é um passo essencial para promover a inclusão social e a autonomia da pessoa com TEA. A falta de terapias adequadas pode comprometer o desenvolvimento cognitivo, emocional e motor, limitando oportunidades de aprendizado, interação social e qualidade de vida.

    Garantir o tratamento significa assegurar que a pessoa com autismo tenha as ferramentas necessárias para superar barreiras, alcançar seu potencial e viver com dignidade.

    Se você enfrenta dificuldades com seu plano de saúde, saiba que lutar pelos seus direitos é uma forma de construir um futuro mais justo e inclusivo. Estamos à disposição para ajudar. Ligue para (54) 99652-7798 e conte conosco para garantir o que é seu por direito.


Conclusão: Se você está enfrentando uma negativa para o tratamento do autismo, saiba que existem caminhos legais para assegurar esse direito. Com a documentação correta e o suporte jurídico necessário, é possível garantir que o tratamento adequado seja disponibilizado.

Se precisar saber mais sobre o direito à saúde e a cobertura de tratamentos para autismo, explore nossos outros conteúdos e compartilhe este post com quem pode se beneficiar!

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Escrito por:
Amandra Carminatti I Advogada
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